Como é domar o doce veneno do Jaguar F-Type SVR Coupé?

São 4h30 de um sábado e, antes dos primeiros raios de sol, já estou pronto para sair de casa. Chave no bolso, pé no pedal de freio e botão de partida pressionado. Um berro estrondoso interrompe a calmaria das primeiras horas da manhã, indicando que o Jaguar F-Type SVR Coupé está vivo!

Ser jornalista automotivo possibilita algumas oportunidades, como a de participar do lançamento mundial do modelo da Jaguar na Espanha, em 2013. Lá se vão mais de dez anos, agora com dores não sentidas à época e menos fios de cabelo na cabeça. Na ocasião, a marca colocou à disposição, desde o V6 S (380 cv) até o colossal V8 5.0 Supercharged com 550 cv e tração apenas no eixo traseiro.

Ao longo dos anos, minha convivência com o Jaguar F-Type só ficou mais íntima. Além de aumentar minha convivência, também fui “dono” da versão V8 5.0 Supercharged integral e da equipada com propulsor 2.0 turbo. Contudo, nada nem ninguém se compara à bestialidade entregue pela variante SVR.

A mística do Jaguar F-Type SVR

O Jaguar F-Type nasceu como rival do Mercedes-AMG GT/GTS/GTR, sendo também um oponente para o icônico Porsche 911. Cada um na sua, mas com algumas particularidades em comum. Contudo, essa variante SVR foi a primeira desenvolvida pela Divisão de Veículos Especiais da Jaguar-Land Rover.

Quanto mais você guia esse torpedo sobre quatro rodas, mais deseja ficar com ele. E as horas de voo acumuladas servem para lembrar que esse carro intimida. Assim como o Porsche 911 Turbo S ou o Mercedes-AMG GTR, é preciso ter experiência, pois tudo acontece (muito) rápido.

Com 575 cv, esses 25 cv extras em relação à versão R surgiram da calibração feita no V8 5.0 Supercharged. Não apenas houve um ganho em poderio mecânico, como também foram realizadas outras modificações.

A aerodinâmica trouxe o assoalho plano, as entradas de ar redimensionadas (as laterais elétricas), o difusor traseiro em fibra de carbono e o aerofólio fixo montado sobre a tampa do porta-malas, para citar algumas.

Uma pancada a cada toque no acelerador!

Vindo em aceleração plena, anestesiado pela sonoridade produzida ao retirar o pé do pedal do acelerador, uma rajada de pipocos é produzida pelas quatro saídas de escape. Pode existir Ferrari, Lamborghini, Aston Martin, mas esse Jaguar F-Type produz uma das sinfonias mais belas da humanidade.

O sistema de exaustão é feito de titânio e Inconel, sendo 16 kg mais leve ao da versão R. Se antes surgiam pipocos ao aliviar o pedal do acelerador, ao pressionar o pedal direito eles se tornam explosões com a velocidade crescendo igual a um míssil terra-ar.

Uma sonoridade tão marcante que, escrevendo este texto, me veio claramente à mente a sonoridade dessa obra da engenharia moderna. O câmbio automático Quickshift de oito marchas foi recalibrado e trabalha em perfeita harmonia com o V8 sobrealimentado, com trocas sequenciais feitas pelas borboletas atrás do volante ou na alavanca seletora de marchas. Aliás, a cada redução, que musicalidade!

Ao contrário do Jaguar F-Type R com tração traseira, que me exigiu atenção e controle, na variante SVR tudo fica ligeiramente mais fácil devido ao sistema integral. A tração é repartida na proporção 50/50, mas, dependendo da situação, pode enviar 20% da força para o eixo dianteiro e 80% atrás.

O conjunto de suspensões promove uma dinâmica insana mantendo o carro colado no chão, sem escapar facilmente e com mínima rolagem nas curvas contornadas em altas velocidades. Não só arranca suspiros pela capacidade de caminhar à frente quanto pela sonoridade, como também entrega um comportamento típico ao de carros alemães.

Como costumo dizer, tudo o que anda forte à frente, uma hora precisa parar. Mesmo em velocidades elevadas, os freios de carbono-cerâmica promovem frenagens precisas e breves. Afinal, com uma relação peso-potência de 2,97 kg/cv e velocidade máxima de 322 km/h, tudo o que você menos quer é ficar desgovernado!

Bestial, belo aos olhos e capaz de arrancar lágrimas e sorrisos ao volante, o Jaguar F-Type SVR ainda promove muito luxo, algo que é comum nos veículos do fabricante britânico. A cabine é inteiramente forrada em Alcantara, mas, uma vez no controle, você só desejará sentir toda a bestialidade mecânica acompanhada do ronco magnífico ecoado pelas quatro saídas de escape.

Atualmente, um Jaguar F-Type SVR pode ser encontrado com o preço em torno de R$ 680.000 no mercado de usados (zero-quilômetro em 2017 custava mais de R$ 900.000). O tempo pode mudar e tudo evoluir, mas nada será páreo para a sonoridade de um V8 sobrealimentado com 575 cv de pura bestialidade! Esse deixou saudades!

O que você acha do Jaguar F-Type? Prefere ele ou compraria um Porsche 911 ou um Mercedes-AMG GT? Escreva nos comentários!

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