Toda quebra de padrão tem seus lados positivos e negativos. Ou você cria uma tendência ou se torna chacota. Às vezes, porém, só foi uma ideia que chegou antes da hora certa. Exemplo: existiram celulares touch screen antes do iPhone, mas foi ele que fez sucesso de verdade. Mesmo terrivelmente odiado, o Pontiac Aztek tinha tudo que os SUVs de hoje em dia têm.
O termo forte “odiado” está sua razão de existir para o Aztek. Basta procurar qualquer lista de carros mais feios da história que ele estará lá. Na lista dos fracassados também, porque as vendas sempre foram muito fracas. Tudo culpa de diversos erros de projeto, mas em especial o seu design.
Ironia do destino ou não, tudo que foi apontado como bizarro, feio e horroroso no Pontiac Aztek entre julho de 2000 e agosto de 2005, quando ele foi produzido, é praticamente mandatório no segmento de SUVs. Mas o que deu errado com o modelo para ficar tão mal falado?
Início conturbado
O projeto do Pontiac Aztek nasceu como todos os outros SUVs da época. Era para ele compartilhar plataforma com o Chevrolet Blazer, ou seja, chassi sob carroceria. Como a Pontiac tinha uma veia mais esportiva, ele seria destinado a uso no asfalto e teria pegada mais apimentada que o SUV da S10.
Contudo, o centro de custos da General Motors decidiu cortar os custos do projeto e descer o nível. Ao invés de usar os caros recursos dos SUVs off-road de verdade para um carro urbano, a Pontiac migrou para a plataforma U da GM que era usada somente pelas minivans da marca, incluindo a Lumina MPV que foi vendida no Brasil.
Ou seja, migrou da tração traseira e possibilidade de ter 4×4 para um layout de tração dianteira e uma plataforma nada preparada para o uso fora de estrada. Isso tornou o Aztek mais baixo e com condução de minivan. A GM até desenvolveu um sistema de tração integral, mas que mais dava defeito do que funcionava corretamente.
Polêmica ontem, moda hoje
Mas o grande problema do Pontiac Azket era seu visual. A carroceria alta e volumosa com rodas pequenas deixava as proporções do modelo um tanto quanto esquisitas e pesadas. Hoje em dia qualquer um dos SUVs com tamanho parecido com o dele tem rodas de 18 ou 19 polegadas. Ele se virava com um conjunto de 16 polegadas com desenho fechado.
Mas repare no perfil. O Aztek tinha vidro traseiro bem inclinado, como todos os SUVs cupê de hoje em dia que estão tão na moda. Quando o Pontiac foi lançado, foi duramente criticado por isso. O vidro dividido com aerofólio ao centro e lanternas integradas está presente no Mitsubishi Eclipse Cross, por exemplo.
Outros dois elementos da moda hoje e que foram pesadamente criticados no Aztek estão na dianteira. Os faróis são divididos, com a seta acima do bloco principal, tal qual hoje vemos as luzes diurnas de LED acima dos faróis de fato. A grade frontal também era dividida, mas chamava atenção por ser exagerada e grande.
Hoje, quase todos os SUVs tem grade frontal gigantesca para ajudar a dar uma sensação de robustez. O formato até faz lembrar a grade duplo rim da BMW e é até menor do que o que a marca alemã anda colocando em seus carros e, principalmente, nos SUVs. Em 2000, o público, com razão, achou o conjunto do Aztek horrível.
Fracasso do Aztek
Pensado para ser um carro ousado desde o começo, o Aztek falhou em ser algo diferente que chamasse atenção. A GM tinha intenção de vender 75 mil SUVs por ano, mas seu pico foi entre 2001 e 2003 quando ele vendeu em média 27 mil unidades. O primeiro ano de vendas foi fraco, enquanto em 2004 e 2005, ele já era carta praticamente fora do baralho.
A redenção do Aztek veio em 2008 quando ele se tornou o carro do protagonista Walter White da série de sucesso Breaking Bad. O carro voltou a valorizar no mercado de usados e se tornou um objeto cult – ainda que feio de doer. Hoje segue como um dos grandes fracassos da história da GM. Mas talvez só tenha chegado muito antes da hora.
Você acha o Pontiac Aztek feio? Conte nos comentários!